História

A freguesia de Fornos ocupa o território de confluência do rio Paiva pelo nascente e o Douro pelo norte. Numa doação do ano de 1110 ao Mosteiro de Alpendurada por Elvira Froilaz, indica-se bem a sua situação: "Subtus mons, Serra Sicca discurrentem Rivulo Pávia terrirorio Portumgalie", a Serra Seca designava o conjunto de serrania que vinha do sul, do monte de Gamarão.

A dominar a confluência referida eleva-se a colina de Crasto que dá o nome de Castelo ao disperso populacional que serviu no século passado à honorabilização do concelho, juntando-se à designação antiga de Paiva a de Castelo.

A primeira associação documental dos dois topónimos aparece registada numa acta do dia 4 de Março de 1852, passando a partir daí, a designar-se o concelho pelo nome de Castelo de Paiva. A povoação do Castelo julga-se que seja de origem antiquíssima como o atesta a existência, em tempos, de um "castro". Ficava-lhe fronteiro, do outro lado do Paiva, no concelho confinante, o castro de Escamarão. Reduzido o de Paiva a cultura agrícola e erosionado pelas chuvas e exploração de pedra, nada de típico se encontra à superfície. No entanto, o achado ali de mós justifica o seu nome.

Um pouco abaixo desta povoação, junto ao rio Douro, existe um lugar denominado de Castelo de Baixo onde terá havido outro povoado castrejo. Pinho Leal no seu "Portugal Antigo e Moderno" fala mesmo de um dólmen que se destacava pelas suas enormes proporções e "( ..) se encontrava na povoação do Castelo, na freguesia de Fornos, junto ao rio Douro". Do mesmo não restam hoje quaisquer vestígios, mas segundo o mesmo autor era constituído por "(...) sete pedras dispostas verticalmente, que pareciam calhaus arredondados, devido ao atrito causado pela corrente".

Mas outros povos terão habitado este lugar e toda a freguesia de Fornos. Dos romanos, foram há já bastantes anos encontradas, por aqui, moedas dessa época. Da presença germânica fala-nos o topónimo Cardia, cujo significado é "quinta".

Nas Inquirições de 1258 a freguesia surge como término de Paiva e segundo a informação prestada pelo pároco João Martinho, a apresentação do padre à igreja era da responsabilidade da Ordem do Hospital e Cavaleiros. Em 1537 a apresentação já estava a cargo de padroeiros leigos com confirmação do bispo. Em 1758 o pároco era apresentado por D. Manuel de Ataíde Azevedo Pinto, senhor da honra de Barbosa, situada em Arrifana de Sousa.

Desde sempre que a freguesia de Fornos teve uma importância considerável e uma actividade comercial elevada. A "Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira" escreve que "na margem do Douro fica o lugar de Castelo, ponto importante de embarque de mercadorias, que tem um intenso tráfego, pois serve todo o vale do Paiva, baixo Cinfães e todo o norte e centro de Castelo de Paiva".

Essa importância surge com a atracção pela cidade do Porto que se verifica a partir do século XIII. O grande mercado citadino absorvia muitos dos produtos aqui cultivados e progressivamente o porto do Castelo vai-se tornar um ponto fulcral em toda a estratégia comercial. Recebia também os produtos originários das Beiras e embarcava-os com destino à grande cidade e à outra margem do Douro. Fervilhava, o grande entreposto de mercadorias e mercadores.

Apesar de o Douro ser difícil de navegar, sobretudo a passagem do Cachão de Valeira e do Touro, nunca os destemidos marinheiros, que daqui partiam, deixaram de fazer chegar os "Rabeias" à Ribeira. Depois de muito tempo de intenso movimento, uma fase de apagamento surgiria até à chegada da Grande Guerra. Com ela, ressurgiu a vida do rio e o cais do Castelo registava ainda uns 12 barcos rabelos que aí carregavam lenha em achas, carvão de madeira e frutas.

Também aqui nasceram os chamados "Rabões da Esquadra Negra", barcos adaptados à carga e transporte de carvão de Paiva. Foram assim denominados por oposição aos rabões brancos que só transportavam areia. O estaleiro foi montado na Praia do Castelo.

Esta praia é um dos atractivos da freguesia a que se junta a Ilha do Castelo, outrora uma espécie de península, mas que por via da barragem e consequente subida do nível de água, se transformou em encantadora ilha, na confluência dos rios Paiva e Douro.

Para além do lugar do Castelo, toda a vasta e formosa baixada de Fornos é verdadeiramente fabulosa, com a Igreja Paroquial, a Capela do Santo António, as casas de Vila Nova de Cardia brasonada e a do Covelo.